Martha Cooper no Meeting of Favela 2016

O Rio é quente em dezembro. Quando você adiciona mil artistas à favela, isso fica muito mais quente.

Aquilas Mano Costa from Rio De Janeiro - Meeting of Favela


O 11º Meeting of Favela (MOF) é um festival de Graffiti e Urban Art no Rio de Janeiro, Brasil, que acontece em todo novembro / dezembro, com mais de centenas de artistas nacionais e internacionais. Para se ter uma ideia da escala, há uma estimativa de quase mil artistas dos países das Américas e da Europa, além dos brasileiros.

O evento de vários dias, enorme, contém muitas familiaridades de outros festivais urbanos de Graffiti; os shows ao vivo de hip hop, MCs, DJS e B-boying (breakdancing), por exemplo. Os organizadores do MOF se orgulham de serem considerados por muitos como o maior evento voluntário de arte urbana do mundo.

PIXADOR JJ FROM RIO DE JANEIRO. MEETING OF FAVELA 2016


Há diferenças significativas, de acordo com a documentarista de longa data da cena global de rua, fotógrafa e vivendo a arte urbana, Martha Cooper. Ela diz que foi a São Paulo algumas vezes, mas nunca ao Rio, apesar de ouvir sobre o MOF muitas vezes nos últimos anos.

"Ao contrário da maioria dos festivais de arte de rua", Cooper fala, "O MOF está aberto a todos os artistas para pintarem". Isso por si só é uma parte dos festivais de arte de rua cada vez mais seletiva, que são realizadas em muitas cidades hoje em dia. Além disso, a alocação da parede é mais orgânica e inclusiva, de um contrato social entre moradores e artistas - uma regra importante e muito significativa, destaca Cooper.

CONEBO FROM RIO DE JANEIRO. MEETING OF FAVELA 2016


"Os artistas devem encontrar suas próprias paredes", ressalta ela. "Isso significa que eles devem andar pela favela e interagir com os moradores para obter sua permissão antes de começar a pintar. Alguns artistas estabeleceram relacionamentos com proprietários e retornam todos os anos para pintar a mesma parede. Outros residentes recrutam artistas e pedem-lhes para pintar algo especial, como um retrato. "

E os suprimentos? "Os artistas devem fornecer a sua própria tinta - no entanto organizadores do MOF muitas vezes se organizam para conseguir um desconto nas tintas para o evento."

BIXCOITO FROM RIO DE JANEIRO. MEETING OF FAVELA 2016


Modelado vagamente após o popular e global evento de Graffiti "Meeting of Styles", este pretende ser mais abrangente e engajado com a comunidade. Você pode ver que é principalmente um evento de graffiti, mas há influência do que é mais comumente considerado na cena de arte de rua, bem como murais tradicionais na comunidade. "A favela estava cheia de praticamente todos os estilos de letras e imagens", diz Cooper.

A pintura em paredes individuais selecionadas começa a sério no domingo, de modo que os artistas no sábado pintam em um longo muro colaborativo na base da Vila Operária, em Duque de Caxias, um verdadeiro encontro de estilos. "Além disso, havia oficinas de Graffiti para as crianças, uma banda, b-boys e b-girls quebrando com DJs ao vivo, e vários bares e barracas de comida", destaca Martha.

@odairdon83. Meeting Of Favela 2016.


Uma organização de funcionamento voluntário, o MOF confia em pessoas que amam a comunidade, a cultura, e os artistas para manter estes muitos distritos felizes e envolvidos. Embora grande parte das origens da arte urbana esteja associada a atos rebeldes de marcação concebidos e entregues antagonistamente com intenções negativas ou cínicas, no polo oposto existe um verdadeiro festival comunitário como este que celebra com êxito o espírito criativo de inúmeras maneiras.

Para explicar como o evento tem que ser organizado "Um grupo de voluntários experientes, muitos que participaram há anos, está lá para facilitar as coisas para os artistas e lidar com quaisquer problemas no local", relata Cooper.

Jocivaldo Silva AKA Bigod from the Northern State of Bahia, Brazil.


Naturalmente, parece impossível documentar completamente. "Havia tantas paredes frescas escondidas nas ruas estreitas e em todos os cantos, era impossível para mim encontrar e fotografar todos eles", diz Martha. Mas de alguma forma, olhando para as fotos que ela coletou e lembrando a atmosfera, estava tudo bem se ela perdesse um par de oportunidades.

(PHOTO © MARTHA COOPER)

Brazilian artists Othejo, Lirow and Jason. Meeting Of Favela 2016. Favela Operaria. Duque de Caxias. Rio De Janeiro, Brazil.

Meeting Of Favela 2016. Favela Operaria. Duque de Caxias. Rio De Janeiro, Brazil.

Mav Group from Valparaiso, Chile

Fabio Tirado from Curitiba, south of Brazil. Meeting Of Favela 2016

Graffiti de Crazy de Recife - Pernambuco - Brasil

Carão from Rio de Janeiro. Meeting Of Favela 2016.

Carlos Bobi at Ipanema Beach

Meeting Of Favela 2016. Favela Operaria.

Talu for last year’s MOF. Meeting Of Favela 2016.

Meeting Of Favela 2016. Favela Operaria. Duque de Caxias.

Stilo Sucio Crew from Chile

Meeting Of Favela 2016. Favela Operaria. Duque de Caxias.


"A favela estava intensamente viva com moradores e visitantes se misturando livre e felizmente", lembra ela.


Desejamos agradecer a Martha Cooper por seu generoso tempo dedicado a este artigo e por compartilhar seu trabalho de fotografia com os leitores da BSA. Siga a Sra. Cooper no IG em @marthacoopergram

Obrigado a Clarissa Pivetta



Fotos: © 2016 - Martha Cooper

Entrevista Martha Cooper no Brasil


"Tenho 73 anos, nasci em Baltimore, Maryland. Meu pai me deu uma câmera quando eu estava na creche, e eu tiro fotos desde então. Sou uma fotógrafa freelancer há 50 anos, e minha especialidade é retratar arte de rua. Já tirei fotos no mundo inteiro, e trabalhei para tantas empresas que não teria tempo de falar sobre todas."

Conte algo que não sei.

Recentemente, fiz um projeto comparando fotografias de um bairro em Baltimore chamado Sowebo (South West Baltimore) com fotografias de Soweto (na África do Sul). Trabalhei duro nesse projeto, e ele me marcou muito. Sowebo foi batizado assim por causa de Soweto. Uma pessoa achou que o bairro se parecia com a cidade sul-africana, mesmo sem nunca ter ido lá. Imagino que na favela carioca eu também encontre coisas que me lembrem de Baltimore.
O que espera ver?

Não sei, vou ficar com a mente aberta (risos). Para mim, essa é a maior alegria da fotografia: procurar sem saber o que tem pela frente. Fotografar é como uma caça ao tesouro. Para falar a verdade, é muito parecido com "Pokemón Go" (risos). A diferença é que os prêmios do jogo são os próprios Pokemóns, mas todos são conhecidos. Por outro lado, ao sair para fotografar não sei o que verei. Então, você busca o desconhecido.
E qual seria o "prêmio", ou o "tesouro", da sua atividade? Já o encontrou?
Encontrei pequenos pedaços de tesouro, digamos assim. Tirar uma boa foto é um tesouro para mim. O que me motiva é a ideia de que, em algum lugar, há uma grande foto, e que um dia irei encontrá-la. Mas, obviamente, não sei qual será, porque ainda estou procurando.


Leia a envtrevista completa: http://oglobo.globo.com/sociedade/conte-algo-que-nao-sei/martha-cooper-fotografa-fotografar-como-uma-caca-ao-tesouro-20755606#ixzz4VYJNwOuL 

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